segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A HORA DA VINGANÇA


Tive uma infância de dar inveja a qualquer um. Disso não posso me queixar. Meus pais tinham uma casa em frente a praia em um condomínio de alto padrão para a época e todas as minhas férias escolares eu passava uns 03 meses morando lá. A casa era ótima, o condomínio era ótimo, tínhamos segurança e espaço, muito espaço! As ruas eram praticamente minhas e de meus amigos. Aprendi a andar de skate lá, Aprendi a dirigir lá, aprendi a beber lá, aprendi a namorar lá, aprendi a surfar lá.

A casa ficava em frente a um point de surf irado e como o fundo era de pedra (e bote pedra nisso), quase ninguém se aventurava a surfar ali. Era fantástico e era somente meu e de alguns amigos. Era o paraíso...

Mas como desde Adão e Eva, o paraíso tinha seu preço. Assim que começava o entardecer, milhares, porque não dizer milhões, talvez bilhões de muriçocas africanas carnívoras e lutadoras de jiu-jitsu entravam pelas portas e janelas da casa e faziam a festa. Era foda. Não tinha pra onde correr, elas eram profissionais.

Todas as tardes via o sol se por da praia e já começava a pensar “fudeu... esqueci a janela do quarto aberta”. Era o terror. Passava a noite em claro procurando alguma vacilona pousada no teto pra matar com o travesseiro, mas as invisíveis eram as piores. Você virava o quarto de ponta-cabeça e quando achava que não tinha mais nenhuma, ói a porra do zunido em seu ouvido!! Motorzinho de dentista o cacete, muriçoca é que é foda.

Lembro das vezes em que eu ia apenas fazer um surf com Carioca e ficávamos até o final de tarde. Brother, botar as pranchas no rack do carro dentro de uma garagem que parecia uma sauna, na velocidade de Carioca e com as muriçocas lhe atacando, era foda!! Era foda não, era FOOOOOODDDDDAAAAAAA!!!! Eu amarrava as porras de qualquer jeito e falava “vamo embora Carioca!” e ele naquela lezeira “Peraí Lheu”. Puta que pariu...

Há algumas semanas atrás fui apresentado a uma tecnologia alienígena (aquilo só pode ter sido inventado por uma inteligência superior), uma ultra-power-punk-motherfucker-raquete de tênis que dá choque. Ela foi desenvolvida para localizar, capturar e eliminar moscas, mosquitos e principalmente as muriçocas. Comprei meio desacreditando no produto. Sabe como é, não era possível existir tal tecnologia. Não no meu tempo. É como o tele-transporte. Sei que vão inventar, mas não agora. Acabei só usando a raquete um tempo depois, pois todas as minhas esperanças de existir algo tão eficaz tinha terminado.

Brother, semana passada testei a raquete. Foram anos e anos de lembranças das picadas e noites mal dormidas colocadas para fora. Elas simplesmente não conseguem escapar. É como kriptonita para o super-homem. Comecei a matar várias em Itacimirim. Comecei com a forma mais simples (a que vem no manual) mas depois fui utilizando requintes de crueldade, não vou lhes mentir. Eu precisava daquela vingança! Cada estalo era um sorriso no rosto... De repente elas sumiram! Abri a porta, janela, fui pra varanda, doido pra que uma desavisada viesse me enfrentar. Parece que elas se comunicaram avisando que ali tinha tecnologia alienígina, zona proibida. Pois é, do meu sangue elas não bebem mais!!

A vingança é um prato frio, e que dá choque.

Boa semana a todos!!

3 comentários:

Yudi disse...

concordo plenamente, e digo mais, o inventor dessa raquete merece o premio Nobel de Destruicao!

Anônimo disse...

Minha irmã comprou uma raquete dessas "importada" do interior e foi a melhor coisa que aconteceu em Itacimirim esse ano novo. Aê para o fim das muriçocas.

Ti-it disse...

Era foda msm, ainda mais quando vc fechava a janela e ficava bufando a noite toda (será que ele estava tentando matá-las por asfixcia?).